quarta-feira, 12 de novembro de 2014

CAPÍTULO 13 – RECOMEÇAR (ELA).

Linda deixou Costão do Santinho decidido a recomeçar, pois nos dias que lá esteve cantou ao vento, o mesmo que beijou os seus cabelos em um alento. Como na música Recomeçar (Volver a Comenzar) – da Tânia Mara (Composição:  Noel Molina)


  

ELA


Depois cantou para o mar, o mesmo que começou a apagar os seus sentimentos mais doloridos, para que ela recomeçasse a viver.

Era o que ela estava querendo fazer, dentro daquele carro estacionado em frente ao estabelecimento.

Situação que chamou atenção do porteiro, que ao se aproximar para saber do que se tratava a reconheceu e foi ao seu encontro.

Em segundos Linda foi acolhida por um sorriso completamente natural e como no passado, quando era recebida por ele, com um sorriso contagiante.

Mesmo surpreso a recebeu da melhor maneira possível e com uma simplicidade ímpar ele a cumprimentou, com uma indagação:
_ Nossa! É a senhora Dona Linda?


E contagiada com a alegria emanada por seu olhar, o respondeu:
_ Claro João!


Ao ver que ela ainda lembrara o seu nome, disse sorrindo:
_ Nossa! Dona Linda a senhora lembrou-se do meu nome.


Linda exclamou:
_ Ué! Não é o seu nome.


Carinhosamente João, disse:
_ É um prazer revê-la.


Sentindo-se acarinhada por ele, disse:
_ Ah! João o prazer é meu.


Sem que ela notasse o porteiro abriu a porta e a convidou para entrar no cabaré:
_Vamos entrar Dona Linda!


Ainda temerosa com o que estava por vir, exclamou:
_ Não!


João ao notar a sua indecisão, soltou um sorriso e carinhosamente estendeu as suas mãos, para que ela saísse do carro e voltou a convidá-la:
_ Entre um pouco.


Os olhos de João expressavam tamanha felicidade ao vê-la, que aceitou o convite:
_ Então vamos!


A felicidade por ela ter aceitado o seu convite, foi expressa pela forma carinhosa que ele a abraçou e conduziu-a até porta. Aliás, tratamento esse que muito vezes em lugares adversos aquele não o tivéramos.

E quando chegaram a portaria do estabelecimento, ele destravou a roleta de acesso, (risos) o que causou certo desconforto naqueles que esperavam para ali adentrar, em fila.

Para o meu desespero, mas, ao mesmo tempo, alívio, em razão dos paparazzi. E ao me fazer passar (furar) a frente de todos que ali esperavam ordeiramente, criou-se uma certa embatia com os mesmos.

Indignados alguns frequentadores falaram diversos impropérios e outros mais exaltados soltaram algumas piadinhas de mau gosto.

Enquanto outros (fãs) começaram aglomerar-se a fim de pedir que tirasse uma foto com ela ou apenas pegar um autógrafo, causando um início de confusão. O que fez seu João agilizar a sua entrada.

E à medida que Linda adentrava o cabaré era como se ela deslocasse no tempo e voltasse ao passado. Ou era como se ela tivesse a viajar pelo universo de sua alma.

Foi quando lembrou-se de uma poesia que tinha lido da Btse -Viagem.


VIAGEM
POR BTSE



Parto para uma viagem
Em uma espaçonave invisível,
A fim de desbravar
O universo de minha alma.

Ao lançar-me irei vestida
E no caminho em cada astro,
Que o meu ser dele se apossar
Uma peça de roupa se desintegrará.

No exato momento
Que neles eu pisar

Fincarei a minha bandeira,
Viverei a conquista e partirei.

Ainda que em muitos deles,
O meu corpo cansado
Queira neles ficar.

Mas seguindo a vida,
Eu seguirei em frente
Com o coração em pedaço.

Certa que durante a viagem

Encontrarei enormes meteoros
E seres encantados,
E simplesmente, findar

No final da viagem
Estarei nua...

Pronta para RENASCER.

Como no poema ao decidir entrar no Cabaré, era como entrasse em uma espaçonave invisível para desbravar no universo de sua alma. No fim de sua viagem, isto é, da escadaria que levava ao seu interior se desnudava de tudo que lhe afligiu nos últimos tempos, pronta para que o destino lhe tivesse reservado.

E ao sentar-se à mesa, se viu rodeada de funcionários, sendo esses alguns antigos e outros novos, como da última vez em que ela estivera ali, na noite da despedida de solteiro. Ou para os outros (pais, Bruna e empresário) de sua vida mundana.
Como no passado uns estavam ali para cumprimentá-la e outros, como sempre, para pedir uma foto (hoje, selfie com ela) ou autógrafo.

Muitos clientes a olharam incrédulos, por vê-la ali, nesse momento lembrou-se de que poderia ter no local algum paparazzo, mas precisava ser feliz e nada, ninguém a tiraria dali.

E por ter ciência de que logo eles poderiam ser chamados para registrar a sua presença em um Cabaré, temeu.
No entanto, estando lá dentro estava decidida a agir sem ter em conta as circunstâncias ou as consequências de estar ali, certamente para esquecer-se do que ainda lhe rasgava a pele e machucava o seu coração.

Quando acalmou toda a confusão causada por sua presença, foi surpreendida ao ver de relance a mulher com jeito de menina, a qual quase atropelara durante o percurso até ali, adentrar ao recinto.

E certamente tal visão a fez sentir uma energia eletrizante percorrer o seu corpo, faltar-lhe o ar.

Curiosa chamou o porteiro que naquele momento, com muita polidez lhe servia de segurança, a fim de diminuir a aglomeração ao seu redor. Assim, o cabaré voltasse a funcionar como o de costume.

E com o olhar maroto que lhe era peculiar, em outros tempos, ela quis saber do porteiro quem seria a tal mulher/menina, apontando-a discretamente:
_ João, por favor! (apontou-a e continuou a falar) Quem é aquela menina?

O porteiro lhe respondeu com outra pergunta:
_ Quem, a aquela moça ali?


Instigada pela curiosidade (Será?) Linda continuou a indagá-lo:
_ É! Por acaso será ela uma das dançarinas da casa?


João a respondeu, com um sorriso esboçado em seu rosto:
_ Aquela moça Dona Linda…


(risos) Curiosa ela não o deixou terminar:
_ É homem. Anda, fala quem é ela?


O porteiro aproximou-se e contou quem era a tal mulher/menina, em tom de voz baixo?
_ Ela é a filha caçula da Dona Noêmia.


Surpresa disse:
_ Nossa! Ela eu não a conhecia.

SILÊNCIO
Silenciou-se por fração de segundo, olhou para a mulher/menina e continuou a falar:
_ Novidades!!!


Ele continuou a contar:
_ Nem eu, dona Linda. (risos) Olha, que trabalho aqui, desde que Dona Noêmia abriu o Cabaré.


A cantora apenas exclamou:
_ Hein!

Nesse momento João fechou os olhos como se voltasse ao passado, relembrando a época que Dona Noêmia comandava aquele lugar, com maestria. Saudoso continuou a falar:
_ Ah, Dona Noêmia que saudade!


Naquele momento Linda não conseguia mais conter a curiosidade, que já gritava em seu olhar e pediu que ela contasse tudo que ele sabia daquela bela menina:
_ Eu soube de sua existência, no dia do enterro de Dona Noêmia.

Apenas exclamou:
_ Hein!


João continuou a falar:
_ Eu soube de sua existência Dona Linda após a morte de Dona Noêmia. (olhou para o nada)


Entristecida exclamou:

_ Dona Noêmia!


Emocionado ao lembrar-se da patroa falecida, continuou a contar:
_ Foi em seu enterro que a vi pela primeira vez. (suspiro) Aliás, foi quando eu soube que ela tinha sido criada, desde que nascera em outro estado, pelo pai.

Ao ouvi-lo Linda ainda surpresa disse:
_ Nossa, era por isso que a Dona Noêmia tinha aquele olhar entristecido.


João exclamou:
_ Verdade!


Linda continuou a falar:
_ Nossa, eu estou bestificada João. (suspiros) Pois, nos longos anos que aqui estive a frequentar (sorriu), assiduamente, (outro riso) sou testemunha do quanto a D. Noêmia cuidou bem da outra filha.

Continuou a contar:
_ Disseram que o pai da menina não aceitava o tipo vida de Dona Noêmia. Por isso, decidiu criar a filha longe daqui.

Outra vítima, como ela e outras milhares de pessoas, quer por preconceito ou quer por ignorância acham que aquele que se aventura e que se sustenta, com o que a noite lhe oferta, vive uma vida indigna, melhor dizendo, mundana.

Entristecida, diante da contestação disse:
_ Nossa! Logo a D. Noêmia que sempre fora muito discreta, em tudo.


João concordou:
_ Realmente ela foi uma pessoa reservada. Aliás, nestes anos todos que aqui estou, juro não ter conhecido ninguém tão discreta como ela.


Linda exclamou:
_ Verdade!


Aquela pobre mulher, que na época em que era uma habitue do cabaré, recebera de muitos jornais e revistas algumas propostas financeiras, para que ela revelasse o seu passado no Cabaré, mas por sua discrição as rejeitavas. Não era sequer respeitada pelo pai de sua filha.

Atrevo-me a dizer, que Linda já tinha-se esquecido da existência de Karol, queria ouvir tudo que João tinha para lhe contar. Principalmente sobre aquela menina com jeito de mulher (risos), que tinha cruzado o seu caminho, minutos atrás.

João então disse:
_ Igual à filha. Aliás, as duas filhas.


Ao ouvi-lo a sirene da curiosidade soou e voltou a indagá-lo, sobre ela:
_ João, por favor, continue a falar sobre ela? (apontou-a com o rosto)


Ele sorriu e pediu desculpas:
_ Desculpas! Mas só posso contar até aqui.


Curiosa indagou-o:
_ Por quê?


Ele respondeu:
_ Não sei mais nada sobre ela.

Nesse momento Linda cantou ao vento para que ele dissesse que o seu coração, não é mais abrigo de amores perdidos. Ele era um lago tranquilo, onde a dor não tem razão de existir. Ao ver nos olhos daquela menina o amor. Como na música Onde a Dor Não Tem Razão – Simone (Composição: Paulinho da ViolaElton Medeiros) ela cantará a felicidade de um novo amor.

-x-
 
Comente a sua opinião é muito importante. 

AS MARGENS DO RIO QUE SÃO OS SEUS OLHOS, EU SENTEI E CHOREI”.
ROMANCE 02.0002.013 — Reeditado 11/12/14
Lei de Direito Autoral nº 9610/98

Notas finais:

 
-> Para você meu Mar….
 
Obrigada Rosana por ter carinhosamente comentado o capítulo 12.
 
-> Lê e Lia meu mui obrigado por terem me incentivado no início.  
 

Ciente que:

*  Não autorizo a reprodução (publicação) do todo ou de parte do texto ou do poema acima, em qualquer tipo de mídia quer expressa, falada ou digital, inclusive por PDF ou download sem o meu consentimento; 

 *  Não autorizo que o texto ou o poema acima sofra qualquer tipo de adaptação, quer em língua portuguesa quer em estrangeira.

*  A imagem inclusa na postagem é de minha autoridade. Por favor, ao copiá-la referir à fonte.


Um comentário:

  1. Boa noite!
    Que maravilha, capítulo 13 tão rápido... Bom demais!
    Voltando ao Cabaré Linda está revivendo os seus...

    ...Anos Dourados
    Maria Bethânia
    Parece que dizes
    Te amo, Maria
    Na fotografia
    Estamos felizes
    Te ligo afobada
    E deixo confissões
    No gravador
    Vai ser engraçado
    Se tens um novo amor
    Me vejo a teu lado
    Te amo?
    Não lembro
    Parece dezembro
    De um ano dourado
    Parece bolero
    Te quero, te quero
    Dizer que não quero
    Teus beijos nunca mais
    Teus beijos nunca mais

    Não sei se eu ainda
    Te esqueço de fato
    No nosso retrato
    Pareço tão linda
    Te ligo ofegante
    E digo confusões no gravador
    E desconcertante
    Rever o grande amor
    Meus olhos molhados
    Insanos, dezembros
    Mas quando me lembro
    São anos dourados
    Ainda te quero
    Bolero, nossos versos são banais
    Mas como eu espero
    Teus beijos nunca mais
    Teus beijos nunca mais

    Mas parece que logo, logo não passarão de lembranças seus anos dourados e ela estará pronta para um...

    ...Novo Começo
    Chimarruts

    Mil desculpas eu peço
    Por não saber dizer
    Adeus direito
    Bem que tentamos
    Fizemos planos
    Mas nossos ideais
    Não são mais os mesmos

    Talvez não fale de amor
    Mas é algo que sinto aqui dentro
    Feito flor que perde o perfume com o tempo
    Que esse fim não traga dor
    Pois é apenas um novo começo
    Dois são um agora
    Guarde as tardes de sol no seu coração

    Veja, agora ando só
    Sabe, eu tô tentando descobrir
    Tentando desatar os nós
    Me livrar das amarras
    Difícil chegar aqui

    Esqueça a dor e leve o beijo
    E o gosto da nossa história
    Mas saiba que daqui por diante
    O eterno contigo, com tudo eu quero dividir

    Talvez não fale de amor
    Mas é algo que sinto aqui dentro
    Feito flor que perde o perfume com o tempo
    Que esse fim não traga dor
    Pois é apenas um novo começo
    Dois são um agora
    Guarde as tardes de sol no seu coração

    Veja, agora ando só
    Sabe, eu tô tentando descobrir
    Tentando desatar os nós
    Me livrar das amarras
    Difícil chegar aqui

    Esqueça a dor e leve o beijo
    E o gosto da nossa história
    Mas saiba que daqui por diante
    O eterno contigo, com tudo eu quero dividir

    Estou torcendo muito por ela e esse recomeço!
    Mas não esqueci da Bruna! O que é feito dela?

    Beijo!

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