Linda
deixou Costão do Santinho decidido a recomeçar, pois nos dias que
lá esteve cantou ao vento, o mesmo que beijou os seus cabelos em um
alento. Como na música Recomeçar (Volver a Comenzar) – da Tânia
Mara (Composição: Noel Molina)
ELA
Depois cantou para o mar, o mesmo que começou a apagar os seus sentimentos mais doloridos, para que ela recomeçasse a viver.
Era
o que ela estava querendo fazer, dentro daquele carro estacionado em
frente ao estabelecimento.
Situação
que chamou atenção do porteiro, que ao se aproximar para saber do
que se tratava a reconheceu e foi ao seu encontro.
Em
segundos Linda foi acolhida por um sorriso completamente natural e
como no passado, quando era recebida por ele, com um sorriso
contagiante.
Mesmo
surpreso a recebeu da melhor maneira possível e com uma simplicidade
ímpar ele a cumprimentou, com uma indagação:
_
Nossa! É a senhora Dona Linda?
E
contagiada com a alegria emanada por seu olhar, o respondeu:
_
Claro João!
Ao
ver que ela ainda lembrara o seu nome, disse sorrindo:
_
Nossa! Dona Linda a senhora lembrou-se do meu nome.
Linda
exclamou:
_
Ué! Não é o seu nome.
Carinhosamente
João, disse:
_
É um prazer revê-la.
Sentindo-se
acarinhada por ele, disse:
_
Ah! João o prazer é meu.
Sem
que ela notasse o porteiro abriu a porta e a convidou para entrar no
cabaré:
_Vamos
entrar Dona Linda!
Ainda
temerosa com o que estava por vir, exclamou:
_
Não!
João
ao notar a sua indecisão, soltou um sorriso e carinhosamente
estendeu as suas mãos, para que ela saísse do carro e voltou a
convidá-la:
_
Entre um pouco.
Os
olhos de João expressavam tamanha felicidade ao vê-la, que aceitou
o convite:
_
Então vamos!
A
felicidade por ela ter aceitado o seu convite, foi expressa pela
forma carinhosa que ele a abraçou e conduziu-a até porta. Aliás,
tratamento esse que muito vezes em lugares adversos aquele não o
tivéramos.
E
quando chegaram a portaria do estabelecimento, ele destravou a roleta
de acesso, (risos) o que causou certo desconforto naqueles que
esperavam para ali adentrar, em fila.
Para
o meu desespero, mas, ao mesmo tempo, alívio, em razão dos
paparazzi. E ao me fazer passar (furar) a frente de todos que ali
esperavam ordeiramente, criou-se uma certa embatia com os mesmos.
Indignados
alguns frequentadores falaram diversos impropérios e outros mais
exaltados soltaram algumas piadinhas de mau gosto.
Enquanto
outros (fãs) começaram aglomerar-se a fim de pedir que tirasse uma
foto com ela ou apenas pegar um autógrafo, causando um início de
confusão. O que fez seu João agilizar a sua entrada.
E
à medida que Linda adentrava o cabaré era como se ela deslocasse no
tempo e voltasse ao passado. Ou era como se ela tivesse a viajar pelo
universo de sua alma.
Foi
quando lembrou-se de uma poesia que tinha lido da Btse -Viagem.
VIAGEM
POR BTSE
POR BTSE
Parto
para uma viagem
Em uma espaçonave invisível,
A fim de desbravar
O universo de minha alma.
Ao lançar-me irei vestida
E no caminho em cada astro,
Que o meu ser dele se apossar
Uma peça de roupa se desintegrará.
No exato momento
Que neles eu pisar
Em uma espaçonave invisível,
A fim de desbravar
O universo de minha alma.
Ao lançar-me irei vestida
E no caminho em cada astro,
Que o meu ser dele se apossar
Uma peça de roupa se desintegrará.
No exato momento
Que neles eu pisar
Fincarei
a minha bandeira,
Viverei a conquista e partirei.
Ainda que em muitos deles,
O meu corpo cansado
Queira neles ficar.
Mas seguindo a vida,
Eu seguirei em frente
Com o coração em pedaço.
Certa que durante a viagem
Viverei a conquista e partirei.
Ainda que em muitos deles,
O meu corpo cansado
Queira neles ficar.
Mas seguindo a vida,
Eu seguirei em frente
Com o coração em pedaço.
Certa que durante a viagem
Encontrarei
enormes meteoros
E seres encantados,
E simplesmente, findar
No final da viagem
Estarei nua...
E seres encantados,
E simplesmente, findar
No final da viagem
Estarei nua...
Pronta
para RENASCER.
Como
no poema ao decidir entrar no Cabaré, era como entrasse em uma
espaçonave invisível para desbravar no universo de sua alma. No fim
de sua viagem, isto é, da escadaria que levava ao seu interior se
desnudava de tudo que lhe afligiu nos últimos tempos, pronta para
que o destino lhe tivesse reservado.
E
ao sentar-se à mesa, se viu rodeada de funcionários, sendo esses
alguns antigos e outros novos, como da última vez em que ela
estivera ali, na noite da despedida de solteiro. Ou para os outros
(pais, Bruna e empresário) de sua vida mundana.
Como
no passado uns estavam ali para cumprimentá-la e outros, como
sempre, para pedir uma foto (hoje, selfie com ela) ou autógrafo.
Muitos
clientes a olharam incrédulos, por vê-la ali, nesse momento
lembrou-se de que poderia ter no local algum paparazzo, mas precisava
ser feliz e nada, ninguém a tiraria dali.
E
por ter ciência de que logo eles poderiam ser chamados para
registrar a sua presença em um Cabaré, temeu.
No
entanto, estando lá dentro estava decidida a agir sem ter em conta
as circunstâncias ou as consequências de estar ali, certamente para
esquecer-se do que ainda lhe rasgava a pele e machucava o seu
coração.
Quando
acalmou toda a confusão causada por sua presença, foi surpreendida
ao ver de relance a mulher com jeito de menina, a qual quase
atropelara durante o percurso até ali, adentrar ao recinto.
E
certamente tal visão a fez sentir uma energia eletrizante percorrer
o seu corpo, faltar-lhe o ar.
Curiosa chamou o porteiro que naquele momento, com muita polidez lhe servia de segurança, a fim de diminuir a aglomeração ao seu redor. Assim, o cabaré voltasse a funcionar como o de costume.
E com o olhar maroto que lhe era peculiar, em outros tempos, ela quis saber do porteiro quem seria a tal mulher/menina, apontando-a discretamente:
_
João, por favor! (apontou-a e continuou a falar) Quem é aquela
menina?
O
porteiro lhe respondeu com outra pergunta:
_ Quem, a aquela moça ali?
_ Quem, a aquela moça ali?
Instigada
pela curiosidade (Será?) Linda continuou a indagá-lo:
_
É! Por acaso será ela uma das dançarinas da casa?
João
a respondeu, com um sorriso esboçado em seu rosto:
_
Aquela moça Dona Linda…
(risos)
Curiosa ela não o deixou terminar:
_
É homem. Anda, fala quem é ela?
O
porteiro aproximou-se e contou quem era a tal mulher/menina, em tom
de voz baixo?
_
Ela é a filha caçula da Dona Noêmia.
Surpresa
disse:
_
Nossa! Ela eu não a conhecia.
SILÊNCIO
Silenciou-se
por fração de segundo, olhou para a mulher/menina e continuou a
falar:
_
Novidades!!!
Ele
continuou a contar:
_
Nem eu, dona Linda. (risos) Olha, que trabalho aqui, desde que Dona
Noêmia abriu o Cabaré.
A
cantora apenas exclamou:
_
Hein!
Nesse momento João fechou os olhos como se voltasse ao passado, relembrando a época que Dona Noêmia comandava aquele lugar, com maestria. Saudoso continuou a falar:
_
Ah, Dona Noêmia que saudade!
Naquele
momento Linda não conseguia mais conter a curiosidade, que já
gritava em seu olhar e pediu que ela contasse tudo que ele sabia
daquela bela menina:
_
Eu soube de sua existência, no dia do enterro de Dona Noêmia.
Apenas exclamou:
_
Hein!
João
continuou a falar:
_
Eu soube de sua existência Dona Linda após a morte de Dona Noêmia.
(olhou para o nada)
Entristecida
exclamou:
_
Dona Noêmia!
Emocionado
ao lembrar-se da patroa falecida, continuou a contar:
_
Foi em seu enterro que a vi pela primeira vez. (suspiro) Aliás, foi
quando eu soube que ela tinha sido criada, desde que nascera em outro
estado, pelo pai.
Ao
ouvi-lo Linda ainda surpresa disse:
_ Nossa, era por isso que a Dona Noêmia tinha aquele olhar entristecido.
_ Nossa, era por isso que a Dona Noêmia tinha aquele olhar entristecido.
João
exclamou:
_
Verdade!
Linda
continuou a falar:
_
Nossa, eu estou bestificada João. (suspiros) Pois, nos longos anos
que aqui estive a frequentar (sorriu), assiduamente, (outro riso) sou
testemunha do quanto a D. Noêmia cuidou bem da outra filha.
Continuou
a contar:
_
Disseram que o pai da menina não aceitava o tipo vida de Dona
Noêmia. Por isso, decidiu criar a filha longe daqui.
Outra vítima, como ela e outras milhares de pessoas, quer por preconceito ou quer por ignorância acham que aquele que se aventura e que se sustenta, com o que a noite lhe oferta, vive uma vida indigna, melhor dizendo, mundana.
Entristecida,
diante da contestação disse:
_
Nossa! Logo a D. Noêmia que sempre fora muito discreta, em tudo.
João
concordou:
_
Realmente ela foi uma pessoa reservada. Aliás, nestes anos todos que
aqui estou, juro não ter conhecido ninguém tão discreta como ela.
Linda
exclamou:
_
Verdade!
Aquela
pobre mulher, que na época em que era uma habitue do cabaré,
recebera de muitos jornais e revistas algumas propostas financeiras,
para que ela revelasse o seu passado no Cabaré, mas por sua
discrição as rejeitavas. Não era sequer respeitada pelo pai de sua
filha.
Atrevo-me a dizer, que Linda já tinha-se esquecido da existência de Karol, queria ouvir tudo que João tinha para lhe contar. Principalmente sobre aquela menina com jeito de mulher (risos), que tinha cruzado o seu caminho, minutos atrás.
João então disse:
_
Igual à filha. Aliás, as duas filhas.
Ao
ouvi-lo a sirene da curiosidade soou e voltou a indagá-lo, sobre
ela:
_
João, por favor, continue a falar sobre ela? (apontou-a com o rosto)
Ele
sorriu e pediu desculpas:
_
Desculpas! Mas só posso contar até aqui.
Curiosa
indagou-o:
_
Por quê?
Ele
respondeu:
_
Não sei mais nada sobre ela.
Nesse
momento Linda cantou ao vento para que ele dissesse que o seu
coração, não é mais abrigo de amores perdidos. Ele era um lago
tranquilo, onde a dor não tem razão de existir. Ao ver nos olhos
daquela menina o amor. Como na música Onde a Dor Não Tem Razão –
Simone (Composição: Paulinho da Viola – Elton
Medeiros) ela cantará a felicidade de um novo amor.
-x-
Comente
a sua opinião é muito importante.
“AS MARGENS DO RIO QUE SÃO OS SEUS
OLHOS, EU SENTEI E CHOREI”.
ROMANCE 02.0002.013 — Reeditado 11/12/14
Lei de Direito
Autoral nº 9610/98
Notas finais:
->
Para você meu Mar….
→ Obrigada
Rosana por ter carinhosamente comentado o capítulo 12.
->
Lê e Lia meu mui obrigado por terem me incentivado
no início.
Ciente que:
*
Não autorizo a reprodução (publicação) do todo ou de parte do
texto ou do poema acima, em qualquer tipo de mídia quer expressa,
falada ou digital, inclusive por PDF ou download sem o meu
consentimento;
*
Não autorizo que o texto ou o poema acima sofra qualquer tipo de
adaptação, quer em língua portuguesa quer em estrangeira.
*
A imagem inclusa na postagem é de minha autoridade. Por favor, ao
copiá-la referir à fonte.
Boa noite!
ResponderExcluirQue maravilha, capítulo 13 tão rápido... Bom demais!
Voltando ao Cabaré Linda está revivendo os seus...
...Anos Dourados
Maria Bethânia
Parece que dizes
Te amo, Maria
Na fotografia
Estamos felizes
Te ligo afobada
E deixo confissões
No gravador
Vai ser engraçado
Se tens um novo amor
Me vejo a teu lado
Te amo?
Não lembro
Parece dezembro
De um ano dourado
Parece bolero
Te quero, te quero
Dizer que não quero
Teus beijos nunca mais
Teus beijos nunca mais
Não sei se eu ainda
Te esqueço de fato
No nosso retrato
Pareço tão linda
Te ligo ofegante
E digo confusões no gravador
E desconcertante
Rever o grande amor
Meus olhos molhados
Insanos, dezembros
Mas quando me lembro
São anos dourados
Ainda te quero
Bolero, nossos versos são banais
Mas como eu espero
Teus beijos nunca mais
Teus beijos nunca mais
Mas parece que logo, logo não passarão de lembranças seus anos dourados e ela estará pronta para um...
...Novo Começo
Chimarruts
Mil desculpas eu peço
Por não saber dizer
Adeus direito
Bem que tentamos
Fizemos planos
Mas nossos ideais
Não são mais os mesmos
Talvez não fale de amor
Mas é algo que sinto aqui dentro
Feito flor que perde o perfume com o tempo
Que esse fim não traga dor
Pois é apenas um novo começo
Dois são um agora
Guarde as tardes de sol no seu coração
Veja, agora ando só
Sabe, eu tô tentando descobrir
Tentando desatar os nós
Me livrar das amarras
Difícil chegar aqui
Esqueça a dor e leve o beijo
E o gosto da nossa história
Mas saiba que daqui por diante
O eterno contigo, com tudo eu quero dividir
Talvez não fale de amor
Mas é algo que sinto aqui dentro
Feito flor que perde o perfume com o tempo
Que esse fim não traga dor
Pois é apenas um novo começo
Dois são um agora
Guarde as tardes de sol no seu coração
Veja, agora ando só
Sabe, eu tô tentando descobrir
Tentando desatar os nós
Me livrar das amarras
Difícil chegar aqui
Esqueça a dor e leve o beijo
E o gosto da nossa história
Mas saiba que daqui por diante
O eterno contigo, com tudo eu quero dividir
Estou torcendo muito por ela e esse recomeço!
Mas não esqueci da Bruna! O que é feito dela?
Beijo!