terça-feira, 18 de novembro de 2014

CAPÍTULO 14 – TUDO DIFERENTE (TODOS OS CAMINHOS TRILHAM PARA ELAS SE VEREM).

Todos os caminhos trilharam para que ela  encontre a felicidade. Ou que ela reveja a menina com jeito de mulher que atravessara o seu caminho minutos atrás, reencontra-se a felicidade perdida, como na música Tudo Diferente – Maria Gadú, (Composição: André Carvalho). 

  TODOS OS CAMINHOS TRILHAM PARA ELAS SE VEREM 

Linda precisava sentir o gosto bom que o oposto tinha a oferecê-la, por isso foi envolvida por uma sensação tão boa, aliás, era como se o mundo estivesse a embalar para vivenciar o que estava por vir.

Como se ele avisasse que a dor, a qual fora acometida estava preste a passar, melhor dizendo, a se esvair com um olhar.

Naquele momento, o seu coração entrou em sintonia ao que o mundo, ou que a vida estava a ofertá-la.

Ocasião, que ele passou a emitir um som profundamente grave, era como se ele marcasse o tempo de um samba-enredo, ditando o ritmo e o “coração” da plateia a torcer no Sambódromo da Marques de Sapucaí – RJ. (Passarela Professor Darcy Ribeiro).

O seu coração estava a marcar o desfile triunfal daquela que mesmo sem saber já ditava o ritmo da escola da vida. Depois que um olhar avassalador cruzou o seu e a encantou.

O qual, até hoje, está a ditar o ritmo da bateria (o seu coração), a desfilar na passarela que o amor transformou a sua alma.

Ainda que ela carregasse as cicatrizes, das feridas causadas ao longo dos tempos e que foram por elas curadas, solitariamente.

Algumas advindas pela vida solitária e estressante, mesmo rodeada de assessores e fãs, no exercício de seu ofício, o de cantora reconhecida nacional e internacionalmente.

Outras advindas, por vezes com os ventos fortes, trovoadas, relâmpagos, raios e chuvas das tormentas causadas pela incompatibilidade de gênios com a esposa. E que, por muitas vezes, faziam-nas sangrar.

Por anos, os seus olhos margearam um rio (os de Bruna), ora de águas cristalinas e calmas, mas a maioria do tempo, negras e revoltas. Até que eles encontrassem os olhos, cuja dona margeava o rio (da vida), contra a direção do vento, em ziguezague, mas estava preste a tê-lo a seu favor.

E nesse zigue-zagar lembrou-se do samba-canção que compôs, na primeira vez em que se separou de Bruna.

Ainda separada, aceitou o convite de uma cervejaria famosa e assistiu o desfile das escolas de sambas do Rio, quando viu o tom das baterias das escolas de samba, comparou-os ao da vida e compôs o samba-canção, Na passarela da emoção, mas após a reconciliação resolveu não gravá-lo.


NA PASSARELA DA EMOÇÃO

Mais uma vez coração deste a batida em compasso,
Para a minha escola de samba na avenida entrar
Era uma batida solitária que ritmava o desfile,
De minha escola na passarela da ilusão.

Refrão
Tu foste o instrumento
E eu a mestra de bateria,
A reger com maestria o ritmo
E a melodia do meu coração.

O ritmo marca o tempo do samba-enredo
Que embala a passista,
A melodia é o encadeamento das notas
Que me encanta.

No enredo da minha vida
Eu era aquela colombina,
A desfilar na eterna passarela
De minha emoção.

Refrão
Tu foste o instrumento
E eu a mestra de bateria,
A reger com maestria o ritmo
E a melodia do meu coração.

Uma colombina solitária
A procurar minha alma,
A outra metade do meu coração.

Na timidez do meu ser
O meu coração é o instrumento,
O samba-enredo,
A bateria,
A mestra de bateria a regê-la.

 Aquela a fazer a festa de ritmos
Para embalar os ouvidos
Da colombina.

Para que se faça o milagre da vida
Que a faça brilhar
E sambar na passarela da emoção.

Refrão
Tu foste o instrumento
E eu a mestra de bateria,

A reger com maestria o ritmo
E a melodia do meu coração.

(Composição Linda (Btse)). 

João indagou-a o motivo de tantas perguntas sobre a filha da patroa falecida:
_ D. Linda, porque a senhora está a perguntar sobre a filha de D. Noêmia?

Sem conseguir explicar o porquê do interesse sobre a filha caçula de D. Noêmia, desconversou e pediu que ele sentasse a mesa e contasse o porquê dela estar ali.

O que, o porteiro prontamente começou a falar, mas o tom de voz era tão baixo, que parecia estar a sussurrar em seu ouvido:
_ D. Linda, quando a patroa faleceu, há aproximadamente dois anos, dona Silvia assumiu os negócios da mãe, entre eles o cabaré.

O porteiro estava se referir à filha mais velha de dona Noêmia, a qual tinha conhecido quando era frequentadora assídua do Cabaré.

A cantora perguntou sobre Silvia:
_ E Silvia, onde ela está?

O porteiro fechou o semblante e respondeu-a:
_ Ela está em casa.

Surpreendeu-se e disse:
_ Nossa, em casa a está hora!?

Ainda com semblante fechado o porteiro explicou o motivo:
_ D. Linda, ela convalescendo do tiro que levou em um atentado sofrido há um mês.

Outra vez, foi surpreendida: 
- Hein!

Foi neste instante, que João lhe fez uma revelação:
_ Ah, D. Linda embora não pareça, (apontou para menina, com jeito de mulher) a filha caçula de D. Noêmia, é, na verdade, uma policial federal.

Sem acreditar, apenas tentou repetir o que fora por ele revelado:
_ Hein? Uma poli...

Assustado João a interrompeu:
_ Por favor! Dona Linda, ninguém pode saber.

Surpreendida exclamou:
_ Hein!

Ele continuou a revelar:
_Bem, quando ocorreu o atentado, no qual D. Silvia foi ferida. (suspirou) Ela pediu licença sem vencimento da Polícia Federal e ao Rio investigá-lo. (balançou a cabeça e continuou a quase sussurrar em seu ouvido) O caso, é muito sério e perigoso.

Ela exclamou novamente:
_ Nossa!

João preocupado com o que acabara de revelar, lhe fez um pedido:
_ D. Linda, a senhora vai me prometer que manterá em segredo o que lhe contei.
 
(riso) Linda concordou:
_ Tudo bem, meu velho amigo. (sorriu, deu um tampinha em seu ombro e disse) Eu o manterei!

Naquele momento tinha entendido o motivo que a levara caminhar por aquela região tão inóspita. Na verdade, ela deveria estar a investigar sobre o atentado que vitimara a sua irmã.

Como ela era corajosa.

Fascinada Linda não conseguiu deixar de observá-la, ainda que ela estivesse a assimilar as informações prestadas por João.

Nesse momento a mulher, com jeito de menina que a fascinara e que estava a atravessar pela segunda vez o seu caminho, passou por ela deixando um rastro de perfume indescritível.

E mesmo entontecida por aquele perfume Linda a viu parar no bar, bem a sua frente, sorri para o barman, depois lhe pediu alguma coisa para beber.

Esse por sua vez, sorridente, lhe serviu uma dose de uísque, a cowboy, a qual foi por ela sorvida, em um gole.

Depois de lhe ser servida outra dose, pode perceber, o que lhe fez ficar momentaneamente envergonhada, que o barman ao servi-la sussurrou algo ao ouvido e apontou em direção a sua mesa.

O gesto a seguir foi tão simples, mas, ao mesmo tempo, encantador. Ela pegou o copo, virou-se para Linda, sorriu, sorveu um gole da dose, entregou-a ao Barman e seguiu em direção ao camarim.

Segundo depois, ela foi surpreendida quando o Barman pessoalmente caminhou em sua direção, entregando o copo com a dose do uísque por ela bebericado e disse:_ Com os cumprimentos da casa.

Linda o agradeceu:
_ Obrigado!

Depois a sorveu lentamente, quando foi interrompida por João, que tudo via: 
_ Aqui ela se chama Diva, D. Linda.

Ao ouvi-lo apenas exclamou o seu nome, o qual, aliás, fora dito em tom de mistério:
_ Diva!

João sorriu e completou a fala:
_ Logo, entenderá o porquê do codinome.



SILÊNCIO 


Em poucos minutos, as luzes se apagaram, um foco vermelho iluminou o palco e se ouviu a música alucinante da Shakira – Loca.

E na penumbra, uma perna torneada apareceu no canto do palco, para delírio da plateia e alimentando a imaginação de todos os presentes.

João disse algo inaudível e se levantou, caminhando em direção à direita do palco. Mas naquele momento Linda nem notou, pois sua atenção, melhor dizendo, os seus olhos estava voltado para os de Diva.

Aliás, deles não se desviaram desde o momento que os reencontraram no cabaré. Ainda mais, quando se maravilhou ao saber que a dona daquela perna fabulosa que se esgueirava para o palco era de Luana, a filha de dona Noêmia, a menina que quase atropelara, também era uma stripper, a diva: “Diva”.

Foi nesse momento que ela entendera o porquê do codinome daquela linda menina/mulher ser Diva.  (Realmente ela era uma DIVA.) 

Encantada com a presença de palco de Luana constatou que aquela mulher já exercia sobre ela o seu fascínio.

Ouso dizer, que fora esse o momento que Linda teve a certeza de que o seu passado com Bruna tinha-se encerrado.

O que, existira era o presente e que ele estava diante dos seus olhos. Diga-se de passagem, ela era uma esperança em um futuro encantador, o qual ora vivencia.

Aliás, o presente que somente ela e a menina... A mulher... A policial... A Diva poderiam escrevê-lo. 

Foi quando envolta na emoção poetizou no guardanapo:


ENCERRO O PASSADO
Eu não quero ser
A dona da verdade
Mas, meus versos hoje
Encerra o meu passado.

Quero olhar para trás
Ver meus medos,
Meus velhos amores,
Como uma grata lembrança.

Eles me ensinaram
A ser o que hoje eu sou.

São elos da corrente
De um viver
Que não se quebra,
Porque a vida a soldou.

Sem marretadas,
Sem trancas,
Porque verdadeiramente vivi.

O que hoje eu encerro
São resquícios dos sentimentos
Que poderiam ainda existir.

Hoje o meu passado
É o meu ontem.

O meu futuro
É o meu hoje.

Hoje é o meu presente
De em ti viver.

  -  X -

Comente a sua opinião é muito importante.


AS MARGENS DO RIO QUE SÃO OS SEUS OLHOS, EU SENTEI E CHOREI”.

ROMANCE 02.0002.014 — Reeditado 18/11/14

Lei de Direito Autoral nº 9610/98





Notas finais:


-> Para você meu Mar….

Obrigada Rosana por ter carinhosamente comentado o  capítulo 14.


-> Lê e Lia meu mui obrigado por terem me incentivado no início.  

 

  Ciente que:
 
*  Não autorizo a reprodução (publicação) do todo ou de parte do texto ou do poema acima, em qualquer tipo de mídia quer expressa, falada ou digital, inclusive por PDF ou download sem o meu consentimento; 

 *  Não autorizo que o texto ou o poema acima sofra qualquer tipo de adaptação, quer em língua portuguesa quer em estrangeira.

*  A imagem inclusa na postagem é de minha autoridade. Por favor, ao copiá-la referir à fonte.



Um comentário:

  1. Boa tarde, Btse!
    Nova paixão, novo amor, recomeço?
    Senhorita Liberdade
    Benito Di Paula
    Venha a menina tão mulher
    Traga os sonhos que tiver
    E me faça encontrar a paz

    Faça de mim o que quiser
    Afague os meus cabelos
    Me faça crer
    Que só você me fará feliz

    Oh moça, vê se traz felicidade
    Senhorita Liberdade
    Meu amor de calça jeans

    Abra a sua porta
    Me convide para entrar
    Pra falar só de nós dois
    Respirar a sua voz

    No seu peito me aquecer
    E em você me abandonar
    Me banhar no seu suor

    Tenho medo de amanhecer
    Tatear a cama, e não te ver
    E você pensar que eu só brinquei

    Senhorita Liberdade
    Eu falo sério, e ela não sabe
    Senhorita Liberdade
    Vê se me traz felicidade

    Veremos...
    E Bruna?

    Beijo!

    ResponderExcluir