sábado, 13 de dezembro de 2014

CAPÍTULO 17 – SPANISH GUITAR (TEU CORPO UM VIOLÃO ESPANHOL).

Linda e Luana desejavam uma estar nos braços da outra, para que os seus corpos pudessem experimentar na mesma proporção o quanto era maravilhoso serem tocados a noite inteira. Como se uma fosse o violão espanhol da outra até o amanhecer, verdade seja dita, uma seria a música da outra, como na canção Spanish Guitar – Toni Braxton.



Naquele momento, o “insinuar” era o Senhor dos tempos, para que elas professassem a conjugação perfeita do verbo amar. E ao conjugá-lo experimentavam o prazer, a exaustão.

E depois de anos conjugando o verbo amar no singular, o destino reservara que elas passassem a conjugá-lo de forma magistral no plural, o ato de amar e ser amada.

Assim, viveram toda a magnificência do amor a dois, ou melhor, a duas: 

Dois corpos! Dois seres! Duas mulheres! Uma a se pôr em poder do amor da outra.
Linda e Luana começaram a viver sob a égide do amor e por ele protegidas, experimentaram sensações tão indescritíveis naquela noite, que se elas pudessem a eternizariam. Melhor dizendo, elas deixaram o tempo em suspensão para vivenciá-la por toda a eternidade e um dia a mais.

Aliás, todos os gestos, olhares, sorrisos, palavras, toques por elas trocados naquela noite, permaneceram gravados, como tatuagens no recôndito de suas almas; Em seus corações; Em seus corpos se perpetuando, por todo sempre.

Além disso, as lembranças do que foram por elas vividos, naquele fim de noite indescritível, melhor dizendo, início de uma madrugada, na qual o sol se fizera rei. Elas servirão de refrigério quando a tristeza, a maldade humana quiser delas se abater.

Para cada uma, naquele momento, a mulher ante os seus olhos, a fizera viver em tão pouco tempo, sensações que jamais tinham sentido com ninguém, quiçá com o seu ex-parceiro. E, diga-se de passagem, o que elas estavam a viver era o presságio do que viveriam, por todo aquele fim de noite.

E fora o remédio para minorar ou até destruir os males (as mágoas, os desgostos, os pesares) causados por seus ex-companheiros. E que só o amor puro e verdadeiro poderia minorá-los ou destruí-los.

Naquele curto período de tempo, no qual Linda se perdera no olhar hipnótico de Luana deixando que as insinuações da amada a conduzisse ao amor (o remédio). Depois de todos os males, alguns minorizados e outros destruídos, gesto a gesto, olhar a olhar, insinuação a insinuação, elas o viveram, por todo fim de noite.

E, o qual nada, ninguém as impediriam de vivê-lo intensamente, até mesmo se o mundo estivesse a acabar, o desejo de uma estar nos braços da outra aumentava à medida que se aproximavam.

Naquela ocasião o som ambiente do cabaré tocava Spanish Guitar de Toni Braxton e como na música, o que elas desejavam que aquela noite não chegasse ao fim, sem que uma fosse tocada pela outra.

Diga-se de passagem, as duas partilhavam da vontade absurda de que a solidão por elas vivenciada até aquele precioso momento se transformasse em uma pura e verdadeira relação a dois, ou melhor, a duas.

Começaram então, a se entreolharem com amor, a sorrirem com os olhos, os gestos que fazem que uma note o interesse pela outra. Na verdade os seus olhos reciprocamente celebravam o surgimento do AMOR.

Aquela profusão de sentimentos fazia com que as palmas, os olhares, os assobios, os gracejos e tudo mais…. Até mesmo os demais frequentadores ficassem por alguns segundos para trás, ou sumissem no esfumaçamento do lugar.

E até que elas chegassem ao palco, melhor dizendo, ao altar no qual uma disse sim a outra: Ditas em meias palavras; Nas entrelinhas das letras das canções que uma cantara para outra; Em cada troca de olhar, as inspiraram a escrever uma no corpo da outra, uma declaração de amor.

Foi naquele fim de noite que Linda compusera a mais bela canção de amor.

Na ocasião, como na música Spanish Guitar, as duas desejavam uma estar nos braços da outra, sentindo na mesma proporção, os seus corpos serem tocados por todo fim de noite, como se eles fossem uma o violão espanhol da outra.

Para Luana, o que ela estava a sentir era tão novo que a assustava, mas a vontade de ser o violão espanhol, no qual Linda tocaria a canção de amor, que estava a compor, prazerosamente a impulsionava.

A vontade gritante em sentir a suavidade de suas mãos tocando o seu corpo a fizera querer mais e mais... Vontade que, em nenhum momento de sua vida, ousara sentir, atração sexual por uma mulher, até aquela ocasião. No entanto, aquela mulher, que estava ante os seus olhos, tinha feito aflorar em seu eu, uma atração incontrolável.

O mais instigante, era que elas nem se conheciam, mas era impressionante em tão pouco tempo, a sintonia de seus atos (as trocas de olhares, os gestos), que as fizeram crerem, que se amariam por todo sempre.

Até mesmo para Linda, mais experiente, por ter assumido a sua homossexualidade desde a adolescência, se impressionara com a profusão de sentimentos atordoantes e avassaladores, que estava a viver. Por sua vez Luana vivia sentimentos tão novos, ao mesmo tempo tão conflitantes e devastador.

Sentimentos que de forma elegante elas tentavam disfarçá-los, mas os que estavam a sentir as transformavam em duas adolescentes em pleno afloramento sexual. Eram esses os sentimentos que confessavam com os olhos.

O querer! O ter! Povoavam os seus pensamentos com o frenesi de duas adolescentes, mas ao mesmo em seus íntimos eram sabedoras de que aquela insanidade momentânea da adolescência estava por acabar, vez que a maturidade social as fariam assumir o papel de mulheres adultas.

Naquele cortejo de insinuações, aquele jogo ora infantil, outras de mulheres adultas, como uma fêmea no cio, por mais que elas tentassem negar ou esconder.

Mas uma provocava a outra de forma elegante, através dos gestos, dos passos, dos olhares insinuantes, maus pensamentos (risos). Isto é, os mais prazerosos pensamentos, tornando aquele jogo de sedução, mais divertido e instigante.

Como se uma emitisse para outra um sinal:


UM SINAL
POR BTSE

É tempo de espera!
Minha alma aguarda
Silenciosamente um sinal,
Que me trará a paz desejada.

Ele poderá ser do tamanho
Da imensidão do mar
Ou de um grão de areia
Do deserto mais remoto.

Anseio que este sinal
Possa um dia
Acalantar a minha alma
E que me faça renascer.

O destino será o mensageiro
Do sinal que tanto espero.
Ele não será mais um devaneio
E sim, a minha mais linda realidade.



Passo a passo! Gesto a gesto! Luana lançava na mulher ante os seus olhos, Linda Alvarez, o seu olhar de encantamento. Na verdade, era como se ela usasse o coração afinado da cantora, como instrumento de afinação do seu, pois, eles batiam em compasso desde o momento em que os seus olhos alcançaram os dela.

Aquilo tudo era tão surreal, que mais parecia uma quimera, um conto de fada, mas, na verdade, era a sua mais linda realidade. Os quais, aliás, se materializava a sua frente, personificados na mulher ante os seus olhos, tão linda, como o seu nome LINDA.

Partilhado através dos seus gestos, dos seus olhos entusiasmados confessarem com todo fervor, o quanto estavam enamoradas. Inteiramente entregues (risos) a mulher ante os seus olhos, por vezes tentara balançar a cabeça, em uma tentativa desesperada de concentrar-se em outra coisa, mas não conseguiu, ao colocar os pés no palco, respirou fundo, virou-se para Luana e disse:
– Você sobe comigo!

Luana sorriu e disse:
_ Claro!

Linda surpreendeu-se quando chegou ao palco e viu que nele se encontravam duas cadeiras, dois violões e dois microfones.

Curiosa olhou-se como se em silêncio a questionasse, Luana deu um sorriso de criança preste aprontar uma arte e lhe perguntou:
__Desculpa! Deveria ter lhe perguntado antes, mas o desejo falou mais alto.

Ela sorriu, respirou fundo e continuou a pedir:
 _Bem! Então você me daria à honra de cantar com você. (dá um sorriso tímido) Ou seria pedir demais?

Linda exclamou surpresa:
_Uau! É claro.

(risos) Nossa! Aquela mulher que além de ser linda, ainda cantava.

Luana disse:
_ Obrigada! Você conhece a música “Dançando”, da Pitty?

Com um sorriso ímpar Linda disse:
_ Conheço, mas não sei muito bem a letra. 

Ao ouvir Luana disse:
_ Hum! Deixa pensar em outra música.


Linda apenas continuou a sorri e disse:
_ Não! Cante esta música, ela é linda. (sorri) Bem, você começa que eu a acompanho. 

Então Luana disse:
_ Não seja por isso!!!

E enquanto Linda se ajeitara na cadeira, ela foi surpreendida com uma voz angelical a cantar.

Encantada com o timbre daquela voz divinal, não a acompanhou, o que fez Luana sinalizar, para que ela a acompanhasse no refrão:

“(…) se o mundo acabar hoje eu estarei dançando (…)”


As duas vozes se completaram no refrão da música, aliás, ele falava o que estavam a vivenciar... E realmente, se o mundo acabasse naquele exato momento, elas estariam dançando, ou melhor, uma bailava ao som da voz da outra.

Com os olhos vidrados uns nos outros, elas cantaram mais duas estrofes, enquanto os demais frequentadores as aplaudiam a cada estrofe e ao final as aplaudiram de pé.

Ao contrário das duas, que ficaram por alguns preciosos segundos, silentes, deixando que suas professassem através dos olhos conjugação perfeita do verbo amar.

 
-x-


Meninas, o que nos espera?


Comente a sua opinião é muito importante.

AS MARGENS DO RIO QUE SÃO OS SEUS OLHOS, EU SENTEI E CHOREI”.
ROMANCE 02.0002.17— Reeditado 13/12/14
Lei de Direito Autoral nº 9610/98


Notas finais:

-> Para você meu Mar….

Obrigado Diego por ter carinhosamente comentado o capítulo 16.


-> Lê e Lia meu mui obrigado por terem me incentivado no início.  

 
Ciente que:

*  Não autorizo a reprodução (publicação) do todo ou de parte do texto ou do poema acima, em qualquer tipo de mídia quer expressa, falada ou digital, inclusive por PDF ou download sem o meu consentimento; 



 *  Não autorizo que o texto ou o poema acima sofra qualquer tipo de adaptação, quer em língua portuguesa quer em estrangeira.



*  A imagem inclusa na postagem é de minha autoridade. Por favor, ao copiá-la referir à fonte.

2 comentários:

  1. To amando B! O seu conto me agrada muito pq é envolta de seus poemas lindos! Isso me inspira.

    Diego

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado Diego! Adoro quando você comenta os meus escritos, te adoro meu amigo! Beijos!

      Excluir