terça-feira, 31 de março de 2015

CAPÍTULO 22 – MIRAGEM DO PORTO. (UM OLHAR PERDIDO! UM DESENCANTAMENTO! DESAMOR.)

Naquele momento Bruna era uma nau sem rumo e sem dona, a flutuar sobre as águas na maré do abandono. Aquelas que poderão levá-la a transformar-se em uma ilha, na qual ninguém quer chegar. Como na música Miragem do Porto – Elba Ramalho (Composição: Lenine/Bráulio Tavares).
 


UM OLHAR PERDIDO! UM DESENCANTAMENTO! DESAMOR.


Bruna experimentava o fluxo e o refluxo dos acontecimentos causados por suas atitudes impensadas, com consequências nefastas não só para ela, também para os seus familiares.
Em consequência disto, naquele curtíssimo espaço de tempo sentiu-se como uma nau a deriva, sem força de vontade para capitaneá-la e a fim de sair daquela situação.

E encontrar um porto muito bom e seguro para abrigá-la, naquela ocasião o porto seguro era o seu apartamento, situado no Leblon, e no qual os seus pais moravam há tempo.

O destino estava dando-lhe a chance de recolher-se no silêncio do seu eu, precisava calar-se e ouvir a voz do seu interior. Só assim, conseguiria obter as respostas para as suas aflições, os seus medos, consequentemente tomar as decisões necessárias para que pudesse ver a beleza do mundo exterior.

E como nada acontece por acaso, talvez fosse o destino lhe reservando viver todo o sofrimento que Linda vivenciara desde aquele fatídico dia, o da separação. Inclusive, muitos disseram à época que era “o feitiço voltando-se contra o feiticeiro.”.

Por certo, ao reconfortar-se em seu sono, avistasse como avistou o rosto de um ancoradouro seguro Luciana para desembarcar e ao contrário da música, abriria os braços para abrigá-la.

Outros já disseram ao ver o estado que ela se encontrava naquele momento, que era o destino sendo bondoso com Linda, mas, ao mesmo tempo, o algoz de Bruna.

Talvez ele estivesse invertendo a situação, enquanto a ex-parceira seguia acompanhada e feliz para o apartamento, que até dias atrás era também o seu, ela se encontrava triste e solitária, em sua ilha deserta (o seu apartamento), como na música, no qual ninguém queria estar.

Por isso era imperativo voltar a capitanear a sua vida, que naquele momento estava deriva, a fim de reencontrar o seu eu perdido. Nem que para isso fosse preciso seguir a rota das estrelas e enfrentar as águas turvas e revoltas que os seus olhos margeavam.

Mas, que em seu íntimo era sabedora de que algumas situações do passado, não muito remoto, por ela mantido em segredo há tempos vinham lhe empurrando a chegar ao estado que se encontrava. E por certo nele encontraria algumas respostas de suas aflições.

Então se mergulhou no mais profundo silêncio e ao vivenciá-lo sentiu a necessidade de remexer em seus guardados, certa que nele encontraria algo que a remetesse ao passado, no qual encontraria mais algumas respostas para as suas aflições.

Convencida que em muitos deles encontraria as lembranças de momentos tão belos e de felicidade vividos no passado. E quando tais recordações eram do vivido com Linda, o remorso e a tristeza lhe fizeram de rei, pelo fato de nelas constatar o quanto tinha sido amada por sua ex-companheira.

Era quando os seus olhos se orvalhavam de lágrimas tornando revolto as águas do rio, no qual sentou e chorou. Por um curto período de tempo sentiu a sensação de estar perdida em uma ilha deserta em conformação rochosa.

Em outros achava ser ela a tal ilha em processo de desertificação, cercada de águas revoltas e impróprias para o uso. Ousando dizer que naquele momento as lágrimas orvalhadas por seus olhos serem as únicas potáveis para mantê-la viva.


Bem diferente das que formavam as do rio em que os seus olhos margearam quando estivera nos braços de Luciana e as quais, aliás, se igualavam ao que Linda margeava ao lado de Luana, de águas calmas e cristalinas.

E por temer que ele (rio) em que em algum momento entrasse em confluência ao rio de águas turvas e de corredeiras, no qual se tinha transformado o seu interior.

Os quais poderiam confluir, no instante em que suas lágrimas tocassem ao chão, tornando-se assim negras e inavegável. Temeu encontrar-se nesse ponto ou que estivesse preste a que ela ocorresse e os dois rios se juntassem e tornando-se um só.

Por não ter naquele momento capacidade para agir, melhor dizendo, reagir daquela prostração e encontrar usando as suas últimas forças para emergir da profundeza de seu interior (ou de sua alma).

E de alguma forma transpor os paredões abruptos em que os seus atos insanos, não só os cometidos dias atrás, como os do passado, para eles surgissem tão difíceis de serem transpostos.


Certa que era preciso se reerguer, melhor dizendo, emergir com força suficiente para ultrapassá-los, alcançar depois de anos perdida o vale da felicidade ímpar.

Verdade seja dita, se alguém a olhasse naquela ocasião, não acreditaria estar diante daquela mulher que parecia ser tão audaz e que inclusivo tinha protagonizado dias atrás todo aquele escândalo.

O que veriam, era uma mulher totalmente devastada, que tinha submergido ao seu sofrimento, por sua própria interferência. Diga-se de passagem, alguns motivados por fatos ocorridos antes de conhecer Linda.

Aliás, sobre estes era algo tão dolorido e confidencial, que sequer ousaria deixar vir a público, vez que as consequências de tê-los tornado público poderiam ser mais nefastas do que as estava a passar.

Se as que foram por ela erroneamente consentidas, levada pelo fervor do momento, a tornarem-se pública, arrastou-a com a força daquelas notícias ao fundo do poço em que ela estava a cavar, imagina o outro.

Toda aquela aflição, a sensação de estar à deriva em um rio de águas inavegável, fora tomada por um turbilhão de questionamento, que por vezes quis gritar ou fugir dali.

Como ela deixou se levar pelo calor do momento em detrimento de outras pessoas? Como aquilo que lhe tinha dado tanto prazer se transformara em algo tão doloroso? O porquê ela tinha feito sofrer a mulher que somente tinha-lhe dado amor?

Eram tamanhas as suas aflições, que por vezes se questionava em voz alta, quebrando silêncio gritante naquele apartamento, se era loucura ou não, o que levou a cometer atos tão inconsequentes (insanos), que a levara sofrer tanto assim.

Por vezes, tais questionamentos levaram-na a pensar que ela estivesse a viver no mundo de ilusão, do qual fazia parte. E que estava no fiel cumprimento de seu ofício, fora dos estúdios, a encenar como protagonista, uma cena na qual a sua personagem se encontrasse perdida em uma ilha, decidindo para que direção for.

Ledo engano, ela estava vivendo sua realidade nua e crua, era a vítima de suas decisões equivocadas não só as tomadas em São Paulo, como as do passado, que naquele momento tinha transformado o seu apartamento no Rio, em um rio de águas turvas e revoltas.

Aliás, decisões e atitudes que não só teve consequências nefastas em sua vida, como naqueles que a rodeavam. Além de Linda, os seus pais passaram a ser apontados pelas ruas.

Não tinha um dia, em que eles eram apontados como os pais da famosa, que tinha chegado a um grau de depravação, que deixou expor momentos íntimos na mídia, sem medir as suas consequências, especialmente na vida de terceiros.

O que para muitos, especialmente para Linda, fora uma atitude puramente egoísta e desastrosa, para Bruna foi cometido ao calor do prazer instigante e deliciosa de se deixar viver.

O que à época, não quis ou por seu estado de embriaguez não conseguiu comedir que esse prazer poderia se transformar como se transformou em uma dor profunda e solidária.

Toda aquela euforia que ela e suas amantes estavam quando consentiram que fizessem imagens delas, ao serem flagradas em situações comprometedoras na boate em São Paulo, transformou-se na disforia em que ela estava a viver no Rio.

O pior que ela era sabedora de que deveria capitanear a vida (a sua nau), com toda a força, pois teria em alguns momentos que desviar-se o curso de fortes corredeiras ou de vendaval (fatos do passado), que pela força do vento e das águas imbatíveis poderiam ser nefastas em sua vida e de terceiros, principalmente na de Linda.

Na verdade, quando ela mudou o curso da história ao ir a São Paulo, saiu do curso das águas calmas, que os seus olhos margeavam o de Linda, e quando autorizou a exposição na mídia de sua vida, o vento começou a ter força capaz de transformar em uma tormenta.

Aquela mulher tão audaz ou que na realidade se fazia ser vista desta forma, não teve à época a capacidade de comedir os seus sem prever as suas consequências.

Os escândalos são como as tempestades que atravessam o curso de nossas vidas, quando surgem não conhecem os seus limites, saem arrastando tudo e todos com o seu poder furioso.

Bruna estava diante da maior tormenta que já encontrou em sua vida. Aliás, ela se igualava a profusão de sentimentos na qual se encontrava, e que sequer tem noção dos riscos que estava por vir.

Naquela profusão de sentimentos receava se deveria enfrentá-los e correr o risco de morrer? Ou transpor tais paredões em que seu ser se tornou tão abruptos e viver tudo o que estava por vir?

Aliás, a única certeza que pairava em sua mente, era que se ela tivesse o poder de voltar ao passado não mudaria o curso do rio, não aceitaria o convite para ir a São Paulo, viajaria com Linda, assim os seus olhos estariam a margear os de Linda.

No entanto, por não ter tal poder a vida deveria seguir o seu curso, mesmo que ela traga consequências nefastas para ela e os que a rodeiam, ou que a rodeara.
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AS MARGENS DO RIO QUE SÃO OS SEUS OLHOS, EU SENTEI E CHOREI”
ROMANCE 02.0002.022 - 03/07/14
Lei de Direito Autoral nº 9610/98

NOTAS FINAIS: 
                              
->>>PARA VOCÊ MAR…

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